Adubação de manutenção
Adubação de manutenção, também chamada de adubação para produção, aplicada durante a fase de utilização da pastagem, tem como principal objetivo possibilitar que a cultura forrageira tenha o máximo de produtividade e com o menor custo possível. Assim, nesta fase, o nitrogênio, o fósforo e o potássio são recomendados. Entretanto, há necessidade de que o produtor continue analisando o seu solo, para que o técnico, ao recomendar estes nutrientes, possa fazê-lo de forma racional. Em muitos solos e, em função dos resultados de análise obtidos, nutrientes como o fósforo e o potássio não necessitarão de ser aplicados, por encontrarem-se com seus teores na solução do solo, acima do que a planta é capaz de responder com a adubação. Nesta fase, o nitrogênio é, sem dúvida alguma, um dos nutrientes mais importantes, por ser o principal responsável pelo aumento na produção de matéria seca da pastagem.
No ano do plantio, recomenda-se fazer duas coberturas com nitrogênio e potássio, usando de 66,67 kg/ha de N e K2O, respectivamente, em cada aplicação, equivalentes a 333,5 kg/ha de sulfato de amônio (SA) e a 111,17 kg/ha de cloreto de potássio (KCl) (Tabela 1). Neste primeiro ano de condução da pastagem são aplicados 2/3 da recomendação anual (200 kg/ha) de N e K20. A primeira aplicação destes nutrientes deverá ser feita 60 a 70 dias após a fase de estabelecimento, após o pastejo de uniformização.
No segundo ano e nos demais, aplicar 50 kg/ha de P2O5, correspondendo a 250 kg/ha de SS e 200 kg/ha de N e K2O, correspondendo a 1.000 e 333,33 kg/ha de SA e KCl, respectivamente, fracionadas em três aplicações iguais, no início, meio e final da época chuvosa. Se for usada a irrigação, como mecanismo de aumentar a produção de biomassa, recomenda-se a aplicação de 300 kg/ha de N, equivalentes a 1.500 kg/ha de SA.
O sulfato de amônio (SA) poderá ser substituído pela ureia. Neste caso, 200 kg/ha N, correspondem a 444,44 kg/ha de ureia e 300 kg/ha de N, correspondem a 666,67 kg/ha de ureia.
A recomendação de 200 kg/ha de N, 50 kg/ha de P2O5 e 200 kg/ha de K2O, poderá ser substituída por 1.000 kg/ha da fórmula 20:05:20 que, além de fornecer estas mesmas quantidades, tem um custo operacional menor, por ser de menor custo e evitar que sejam feitas três aplicações de adubos.
Na Tabela 2, são apresentadas as recomendações de adubação de cobertura ou de manutenção, para as principais gramíneas forrageiras tropicais e as respectivas taxas de lotação, para cada uma destas forrageiras.
Tabela 2. Sugestão para adubação de manutenção para as principais forrageiras utilizadas nos sistemas intensivos de produção de leite a pasto, utilizando a fórmula 20-05-20 e considerando a taxa de lotação esperada da pastagem. |
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Forrageira |
Adubação (kg/ha/ano) |
Taxa de lotação(UA***/ ha/ano) |
Capim-elefante e Cynodon* |
1000 |
4 a 7 |
Panicum** |
800 |
4 a 5 |
Brachiaria brizantha |
700 |
4 a 4,5 |
B. decumbens ou Setaria sp. |
500 |
3 a 3,5 |
*O gênero Cynodon engloba as forrageiras: Coast-cross1, Tifton 85, Tifton 68, Estrela Africana, Florona, Florico e Florakirk; |
As quantidades de adubos recomendadas na Tabela 2 estão relacionadas a uma forma racional de adubação de pastagens, sempre voltada para a resposta das forrageiras ao fertilizante aplicado, bem como baseada em sua capacidade máxima de produção de biomassa. Assim é que, forrageiras do grupo do capim-elefante ou do Cynodon recebem maiores quantidades de adubo se comparada à B. decumbens, por exemplo. No primeiro caso, a pastagem é capaz de suportar de 4 a 7 vacas por hectare, enquanto na B. decumbens ela suportaria no máximo três vacas por hectare, durante a época chuvosa do ano, quando os animais permanecem o tempo todo nos piquetes.
Para sistemas de produção de leite a pasto não-irrigado, a adubação de cobertura ou de manutenção recomendada nas Tabelas 1 e 2, deverá ser fracionada em três aplicações, no início, meio e final da época chuvosa. Se a pastagem for irrigada, a quantidade de nitrogênio deverá ser aumentada e sua aplicação fracionada em seis vezes durante o ano, distribuída após a irrigação. Assim, para capim-elefante, Cynodon e Panicum, sugere-se acrescentar mais 100 kg/ha de N, enquanto nas braquiárias e na setária, recomendam-se aplicações que variam de 50 a 70 kg/ha para B. decumbens ou Setaria e Brachiaria brizantha, respectivamente.
Em sistemas intensivos de produção de leite em pastagens irrigadas, é necessário esclarecer que, sendo a água um recurso natural não-renovável, caro e com disponibilidade reduzida, há que se ter o cuidado de somente recomendá-la para forrageiras de elevado potencial de produção e em regiões onde não haja impedimento de temperatura e luminosidade. Em regiões onde a média da temperatura mínima for inferior a 16/18oC, não se recomenda irrigação durante todo o ano, pois as respostas da forrageira a este insumo é reduzida, especialmente nos meses de maio a julho. Neste caso, recomenda-se irrigação estratégica a partir do mês de agosto, quando a temperatura do ar se eleva além de 18oC. (Embrapa Gado de Leite ).