

É fundamental que saibamos que na produção de leite a pasto se preconiza os baixos custos. Segundo alguns cálculos feitos por professores da área, nos dias de hoje, se optarmos por produção de leite em pastagem, teremos um lucro ao redor R$ 2.000,00 em uma área de quatro hectares (considerando um sistema intensivo de produção a pasto e suplementação no inverno com cana mais ureia e concentrado durante todo o ano, de acordo com a produção de cada animal).
Na produção leiteira em pastagem, como mencionei acima, temos um sistema que se utiliza de um pasto de baixo custo quando comparado aos outros volumosos. Para efeito de exemplificação, atualmente, o custo de uma silagem de planta inteira (considerando o custo de matéria seca) está por volta de R$ 0,36/kg. A cana de açúcar com ureia posta no cocho incluindo picagem e outros processos está em torno de R$ 0,21/kg. Já o pasto, possui um valor ao redor de R$ 0,12/kg. Fica evidente que o sistema em pasto já se diferencia dos demais pelo seu baixo custo.
A partir dos 10 litros por vaca/dia pensaremos então em uma suplementação que varia em média nos sistemas produtivos, como por exemplo, a utilização de 1 kg de concentrado para cada 2 a 3 litros de leite produzidos acima dos 10 litros (esses, fornecidos pela energia e proteína da pastagem). Para refrescarmos a memória, se uma vaca produz 25 kg de leite/dia, ela irá ingerir por volta de 5 a 7,5 kg de concentrado por dia, considerando a relação de 1 kg de concentrado para cada 2 a 3 kg de leite acima dos 10 litros, respectivamente.
Será que é mais viável uma vaca produzir 10 kg de leite/dia sem o acréscimo de concentrado ou 25 kg de leite/dia consumindo 7,5 kg de concentrado? Para essa resposta, as contas são imprescindíveis.
Calculando a rentabilidade da primeira situação, considerando os custos mencionados anteriormente, teremos as seguintes situações:
a) uma vaca de 450 kg de peso vivo, com 3% de ingestão, que produz 10 kg de leite/dia, somente se alimentando de pasto. Ela irá ingerir por volta de 13 kg de massa seca de pasto por dia. Calculando-se os custos, teremos R$ 0,12 * 13 = R$ 1,56/dia (custos de alimentação, sem considerarmos o sal mineral);
b) na outra situação, uma vaca que produz 25 kg de leite/dia, irá ingerir por volta de 7,5 kg de ração e o restante do consumo será composto por aproximadamente 7 kg de massa seca de pasto. Há um ligeiro aumento na ingestão pelo menor espaço físico ocupado pelo concentrado e isso aumenta o consumo do pasto também. Se considerarmos os custos totais e a ração feita na propriedade com baixo custo de R$ 0,70, teremos (7*0,12) + (7,5*0,70) = 0,84 + 5,25 = R$ 6,09/dia.
Pois bem, se dividirmos os custos pela produção, teremos o custo alimentar pelo litro de leite. Aquela vaca que produz 10 litros de leite só em pasto, tem um custo do litro de leite de R$ 0,15, por outro lado, aquela que produz 25 kg tem um custo de R$ 0,24. Vale esclarecer que podemos diminuir os custos totais da ração por meio da compra de insumos corretos no momento certo. O valor por kg de ração pode chegar até R$ 0,40, situação a qual já presenciei em sistemas produtivos.
O que devemos fazer então: produzir somente 10 ou 25 kg de leite por vaca/dia neste sistema? Quanto custa para trazer uma vaca de 10 litros ou 25 litros para dentro do curral? E o funcionário que irá ordenhá-la, quanto ele vai custar para cada vaca? As instalações irão mudar? Os cochos, utensílios, medicamentos e outros? Claro que em resumo não irão mudar. Mas, existem mais custos de produção, não é mesmo?
O que queremos salientar é que o sistema não é engessado e por isso pode ser diferente a cada momento e a cada lugar. O animal da fazenda A talvez não sirva para a B e assim em diante. A alimentação da A não servirá para a B e assim em diante também. Cada sistema é único. A produção sempre deve ser maior, desde que os custos sejam menores também. O segredo é sempre maximizar a produção e a viabilidade do sistema.

